Mais uma interessante fotografia do Cabo Sampaio [José dos Santos Sampaio]. Até agora, este é o único registo de estúdio de “meio corpo” (fardado com uniforme sem ser de campanha) que nos chegou.
Marneca, apesar de soar um pouco estranho, é o mais comum dos apelidos dos militares de Almeirim mobilizados para o conflito. Embora na listagem nominal do Arquivo Histórico Militar apareçam incongruências na grafia, pensamos que, objeto de errada transcrição, é bem provável que tenham pertencido à mesma família todos os “Marnecas” que dela fazem parte (Agostinho, Francisco, Jaime e Manuel de Oliveira Marneca).
Joaquim Barrão, soldado do C.E.P., arregimentado ao Corpo de Artilharia Pesada nº1, numa típica fotografia [sépia] com decor trompe–l‘oeil. Não pertencendo este nosso conterrâneo ao oficialato, a quem o regulamento e uniformização das tropas permitia o uso de bengalão (espécie de robusta bengala encastrada a metal na ponta) que em campanha substituía a espada, podemos intuir –
porque nos aparece com uma ligadura no indicador da mão esquerda e firmando-se numa só perna – que o apoio de madeira com que se deixou fotografar pode ser consequência de alguma incapacidade temporária.
Regressou saudável à vida civil, teve uma vida plena e morreu velho, contrariando a lógica do devastador conflito.
(…) A Alemanha declarou guerra a Portugal ou só especialmente aos batalhões do C.E.P. ? (David Magno, major)
(foto gentilmente cedida pela neta, D. Lurdes Veríssimo, a quem agradecemos através do seu filho António)
Querida Tomásia….
Era assim que se dirigia à futura noiva que por ele esperava, feitas que estavam juras de amor. Em postal mandado de França a 5 de fevereiro de 1918, Manuel da Costa Chaparreiro (Soldado Condutor, do Regimento de Artilharia nº1) falava de tudo menos da guerra. No anverso do postal de imaginário gaulês [la semaine du permissionnaire] Chaparreiro, tenta traduzir a Tomásia os dias da semana em francês.
O bilhete-postal era, nesta época, uma popular forma de comunicação e apesar de ser proibido escrever [pela União Postal Internacional] no espaço reservado à imagem era frequente introduzirem-se pequenas frases ou palavras que lhes reforçavam o sentido. É o caso deste (aqui num detalhe) que nos foi facultado pela bisneta Ana Neto dos Santos.
Hoje publicamos um retrato de dois conterrâneos e amigos, ambos almeirinenses e de Artilharia. José dos Santos Sampaio [primeiro-cabo – CAP] (esq.) e Justino Matias Ferreira [soldado – CAP] (dir.). A insígnia no braço esquerdo do dolmen destes militares identifica-os como pertencentes ao Corpo de Artilharia Pesada, tal como a “granada em chama” de latão oxidado que orla a gola.