O fado aparece inicialmente num filme realizado em 1940 por Jorge Brum do Canto. A partir de uma opereta de sucesso dos anos 20 do século passado(1), o filme retrata a história amorosa dum soldado português, João Ratão, que regressa da frente de batalha na Flandres. No filme, é pela voz do actor Óscar de Lemos na pele do protagonista João Ratão que ouvimos o fado.
Pode ver o filme aqui!
Já nos anos 60 do século XX o fado seria gravado e popularizado por Fernando Farinha, o famoso “Miúdo da Bica”. O Fado das Tricheiras com letra de Félix Bernardes e João Bastos e música de António Melo, retrata pela voz inconfundível de Fernando Farinha, a dura realidade das trincheiras, é um hino interessante ao sacríficio daqueles que participaram na Grande Guerra.
O soldado na trincheira, não passa duma toupeira
Vive debaixo do chão.
Só pode ter a alegria de espreitar a luz do dia
Pela boca de um canhão.
Mas quando chegar a hora dele arrancar por aí fora
Ao som da marcha de guerra,
Seus olhos são duas brasas e as toupeiras ganham asas
Como as águias lá da serra.
Refrão :
Rastejando como sapos, com as fardas em farrapos
Pela terra de ninguém
Mas cá dentro o pensamento, corre mais alto que o vento
Quando pela nossa mãe.
E se eu morrer na batalha, só quero ter por mortalha
A bandeira nacional.
E na campa de soldado, só quero um nome gravado
O nome de Portugal.
Soldados da nossa terra, são voluntário da guerra
Que vêm bater-se por brio.
Raça de povo e de glória, que escreveu a nossa história
Nos mundos que descobriu.
Por isso a Pátria distante, brilha em nós a cada instante
Como a luz de uma candeia,
Que arde de noite e de dia no altar da Virgem Maria
Na igreja da nossa aldeia.
Poderá ver e ouvir uma versão deste fado aqui!
(1). http://bogiecinema.blogspot.pt/2009/11/resenha-critica-joao-ratao.html
Francisco Pereira
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